Sempre vi bons textos assinados como artista desconhecido. Esses artistas acabam não sendo valorizados e não sendo conhecidos. Juntando um pouco do meu gosto por escrever, com os textos que crio e são ao menos reflexivos e minha vida pessoal e me expondo livremente por aqui.
terça-feira, 27 de julho de 2010
Vida (?)
E derrepente ela parou tudo e começou a pensar nos rumos tomados por sua vida ao decorrer dos anos. Lembrou de sua infância meio conturbada, de ser excluída no colégio na época de ensino fundamental. Lembrou das confusões que já rondavam sua cabeça naqueles tempos sobre o que ela realmente era. Lembrou das paixões não correspondidas, dos amores platônicos, das poucas, porém verdadeiras amizades que fez. De nunca ser satisfeita com a aparência. Do sonho de ser jornalista de telejornal, depois de ser cantora, veterinária, bióloga, atriz, ... . Da certeza de que um dia teria muito dinheiro para realizar todos os seus sonhos e sonhos de sua mãe e para nunca mais olhar para alguma coisa à venda e ter que desviar o olhar pois o valor lhe parece absurdo. Ela lembrou da facilidade de criar amizade com meninos, de até se apaixonar por alguns, mas da dificuldade de passar da amizade com eles, e ao mesmo tempo ela lembrou das sensações e sentimentos "diferentes" que sentia desde nova por certas meninas e da ideia de ser "anormal" que não saía de sua cabeça. Pensou em mentiras ingenuamente contadas com o propósito de não ser tão diferente da maioria das garotas da idade. Pensou na ausência que tinha do pai e da saudade que sempre apertava pela distância. Refletiu sobre as primeira vezes que teve vontade de acabar com a própria vida ainda criança, de quase cortar os pulsos ou se intoxicar propositalmente e só desistir e começar a chorar freneticamente por imaginar como seria a vida de sua mãe, que não tinha nada e nem ninguém além dela. As crises depressivas com dias de choro continuo e descrença total em tudo e em todos ao seu redor também vieram à sua mente e lágrimas lhe surgiram nos cantinhos dos olhos. Ao começar a pensar no início da adolescencia que nem faz tanto tempo assim, as lembranças são mais frescas, mais próximas e intensas. A aproximação com pessoas que ela nunca havia pensado em criar algum tipo de amizade e a reaproximação com amigos da infância que estavam meio distantes. A noção de o que a vida realmente era e de como o mundo se apresentava por debaixo dos panos que os mais vividos insistem em jogar para que seus "protegidos" nunca se assustem e nem tenham acesso a vida real. Ela estava saindo de sua bolha e caindo na realidade da humanidade.
Continua... 16:03 - 27/07/2010
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