quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Um cigarro. Um divã.

Termino de ler mais um livro. Apago as luzes e começo a voltar ao mundo real, a refletir sobre a minha vida. Pego um cigarro. Ouço o som do riscar do isqueiro e da chama surgindo. Ascendo o cigarro e dou o primeiro trago. Sento de frente pra janela, ouço apenas o som do vento na rua vazia. Dou mais um trago, ouço o som do papel e do fumo queimando, sempre que fumo de madrugada reparo nessas mínimas coisas, eu gosto do barulho do cigarro sendo tragado. Volto a pensar na vida, no passado, no presento meio incerto, no futuro mais incerto ainda... foda-se! Carpe Diem... isso. Dou mais um trago, reparo novamente no som que ele exala. Bato a cinza, ouço mais um som que me agrada. Agora penso em mim mesma, uns instantes de egoísmo não fazem mal a ninguém, muito pelo contrário, penso no que minhas escolhas trazem para mim mesma, chego a algumas conclusões, bem poucas... é. Outro trago. Agora estou pensando no sentimento das pessoas por mim, eu tenho muita curiosidade por esse assunto, queria por um minuto estar no corpo de algumas pessoas quando me vêem ou quando pensam em mim, só para saber o que realmente passa por suas mentes, sou insegura, absurdamente insegura. Mais um trago, o cigarro já passa da metade. Aí estou pensando em coisas mais materiais, penso em dinheiro, penso em independência financeira, penso em meus bens, em minhas compras, minhas pequenas dívidas, em minha conta no banco... bem, não é hora pra pensar nisso. Dou mais um trago e mais uma vez parece que sintonizo um rádio em outra estação, tudo muda, agora penso em coisas mais carnais. Sexo. Sexo. Sexo. Falta de sexo. Triste, triste... vamos mudar de assunto. Mais um trago, por favor. Cigarro perto do filtro. Volto a pensar nas pessoas com relação a mim, agora não mais em sentimento, estou ainda na parte carnal, lembro de momentos, de prazeres, de cenas, crio outras mais interessantes na minha mente... Opa!  Sinto o filtro já queimando na minha mão. Deslizo o cigarro entre os dedos e em um peteleco arremeço o que restou dele no canto da calçada. Fecho a janela e mais uma vez volto ao mundo real, tenho facilidade de entrar em outros mundos, na verdade acho que dentro de cada ação do meu dia estou em um mundo diferente, mundo que por sua vez estão dentro de mim, mas aí é muita viagem, deixa pra falar e pensar nisso numa outra hora, ou num outro cigarro, quem sabe. Deito na cama como se estivesse saindo de um divã num consultório de um psicólogo. Ah, meu bem, assim a vida vem muito mais fácil a cabeça. Quem tem o silêncio da madrugada e um maço de cigarro não precisará jamais de um analista.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Minha cabeça mudou bastante como eu mesma almejei por tanto tempo, só não sei ainda muito bem se isso foi tão bom assim. De certo que hoje tenho uma personalidade muito mais forte e certeira, e que minha mente não é mais tão aos extremos como se encontrava nos últimos anos da minha vida, sem me esquecer que não sou mais tão indecisa, confusa e incerta, tá, ainda sou bastante, porém tenho focos mais definidos. Creio que meus defeitos atualmente gritam por atenção, sabe? Eles tem pedido mais espaço em mim. Isso está me tornando mais fechada, até com uma certa dificuldade de me expressar, coisa que nunca havia sido o meu caso, mas também, né, passei minha vida ouvindo apenas os outros... Ah, isso também mudou um pouco, estou mais impaciente e egoísta, mas acho que isso eu até merecia, porque estava a ponto de surtar de vez por viver e resolver a vida de todos em minha volta. Pra falar a verdade, estou quase que satisfeita com muitos desses defeitos, ou melhor dizendo, eu queria muitos outros, eu queria ser ruim, ser completamente inconsequente, ser menos otária, eu já me fodi tanto nessa vida, eu precisava tanto de uma reviravolta, mas tudo que tem acontecido só está complicando mais ainda, me deixando mais surtada do que já fui durante minhas pequenas quase duas décadas de existência, aí, eu começo a achar que realmente vim ao mundo pra me foder, podia ser pra foder, só foder, mas não, é pra ME foder (não, eu não estou falando de masturbação), então, já que é assim, porque não consigo ser filha da puta, pelo menos? Acho que esse é meu sonho de consumo. Fazer, apenas fazer tudo o que vier na mente, sem me preocupar com qualquer outra coisa ou pessoa, ignorando o dia seguinte... Ah, que sonho! Porque quando estou perto disso, ou quando sou um pouquinho egoísta, pelo menos, já sinto um peso tão enorme nas costas, me sinto destruindo a vida das pessoas e, assim, não consigo tirar grande proveito de tais atitudes, porque as únicas coisas que acabo ganhando no fim das contas, são, uma dor fodida no pescoço, muito mais fumaça no pulmão e umas noites sem dormir direito... Eu não sei ser feliz por cima da felicidade de ninguém, eu realmente não estou nesse planeta pra isso. Desculpa sociedade, sei que serei engolida por todos vocês um dia, mas não tem jeito, por mais que os anos se passem e que eu mude muito em muita coisa, no fundo eu vou ser sempre a menina bobinha e reprimida que vive pelos outros e para os outros, sempre com um sorriso no rosto, o qual pouquíssimos são capazes de ver que existe muita coisa por trás, e julgando a própria felicidade menos importante do que a de qualquer outra criatura ao seu redor. É, apenas eu.