quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Verônica. Dois.

Mas calma, não da pra entrar em pânico ainda, pode não ter sido isso. - pensou - tentemos lembrar mais, não pode ser tão impossível.
Lembrou do papo dela com Rodrigo no bar. - Isso, Rodrigo, esse era o nome, já é um avanço.
Foi falado sobre música, shows, futebol e... mulher? Ele me comeu sabendo que gosto de mulher? Cadê o respeito desses caras, hein?
Apagou o cigarro, levantou e foi pro banheiro com nojo do seu corpo, depois de meia hora de um banho frio pra curar a ressaca, pôs uma roupa leve e surrada, se jogou novamente no sofá e foi olhar as sms de ontem.
- Puta que pariu, 5 mensagens não lidas, é, realmente, depois dessa, adeus Ana.
Duas da Tim. - alívio - uma do Pedro marcando de uma putaria aleatória a noite. - foda-se Pedro uma hora dessas. - Agora uma da Ana pedindo desculpas pelo surto de ciúme de ontem a noite e me chamando pra conversar. - mal sabe ela quem está mais culpada na história... - E uma de sua mãe perguntando cadê ela pra almoçarem juntas no shopping. - Pronto, sem namorada e deserdada.
Depois de ligar pra mãe, pedir mil desculpas, diizer que se sentiu mal a noite toda, convence-la de que não estava necessitada de cuidados maternos e remarcar o almoço pro dia seguinte, finalmente, ta na hora de conversar com a Ana.
- Alo...?
- Ve? Finalmente, poxa.
- oi, meu amor, desculpa, dormi demais...
- fez o que ontem, Verônica? Não acredito que enquanto eu estava mal em casa você foi beber e dar por ai.
- ei, calma, não fiz nada, só varei a madrugada vendo filmes, a insonia pesa quando não to bem, cê sabe...
- hm, okay, posso ir pra ai?
- vem, preciso mesmo de você.
- ta certo, meia hora eu chego, beijo.
- beijo, bebê, to te esperando...
Desliga o telefone.
- pronto, agora além da merda feita, ainda to mentindo. Meia hora pra eu lembrar de tudo, vamos, Verônica, põe o cérebro pra funcionar.
- Opa, opa, opa. A loirinha gostosa sentou na minha mesa! Será? Ai, que peso menor no peito agora, dar pra um semi-bombado depois de anos sem pensar em cama com homem ia ser muito triste. - pensou e riu.
Foi pro quarto dar uma geral. Arrumou estante, varreu o chão, arrumou a cama e... uma calcinha comestìvel foi encontrada. - puta merda, a que ponto cheguei, olha o nível putônico da loirinha, saiu pra dar.
Calcinha de bala Juquinha no lixo, lixo na rua, chegou Ana.
- hey, meu bebê, vem ca, vem? - disse a ruivinha pequena enquanto abraçava Verônica e sua cara de ressaca na calçada.

(Continua.)

domingo, 23 de dezembro de 2012

Verônica. Um.

Verônica Macedo, 19 anos, gaúcha, brasileira. Com seus cabelos negros presos em um nó mal feito, e com seus olhos verdes tentando desviar das pequenas mechas que pendiam sobre eles, ela lia as notícias no jornal do dia anterior enquanto tomava uma caneca de café forte. De blusão, calcinha e meias, jogada no sofá da sala sob a janela, entre uma notícia e outra, tentava se lembrar da madrugada que havia tido. Já se passava das quatro da tarde, mas ela tinha acordado há pouco mais de meia hora, e ainda não conseguia chegar a conclusão de quem era a pessoa que havia deixado um post-it no espelho do banheiro escrito: "bom dia, princesa". Já começa que princesa é um termo usado por tanto cara que se acha gostosão, que quando nao saído com suavidade de belos e sinceros lábios, parece algo extremamente nojento, e depois que, meu deus, o que havia acontecido naquela noite? Ela se lembra de estar sentada nesse mesmo sofá vendo novela, quando o celular tocou e era ela pra infernizar. Lembra de se levantar, tomar um banho rápido, se arrumar de uma forma sexy e casual, e ir à uma boatezinha há poucos quilometros de casa, bebida e outras mulheres podiam a distrair...
- Ah, não, isso não! - sussurrou ela com raiva ao se lembrar de um rapaz de cabelo curto e bagunçado, com braços definidos e uma blusa do Led Zepplin que havia puxado assunto com ela na boate, e ela havia dado corda por ele ter bom gosto musical e para bebida, pois havia lhe dado um copo de Morrito, enquanto virava umas doses de tequila no balcão do bar. Simpático e com tudo que uma mulher precisaria, ele pode ter ido pra casa com ela, pra cama com ela...
- Merda! - agora ela grita enquanto acende um cigarro e treme a perna compulsivamente com odio de si mesma em suas crises de sexualidade.
- Não, eu não posso ter feito isso, a Ana não me perdoa mais, depois dessa, nunca mais...

(Continua)

domingo, 2 de dezembro de 2012

Evolution, baby, just evolution.

Gosto de pensar como as coisas mudam, como as pessoas mudam, como gostos, sentimentos, opiniões e atitudes mudam. Nos últimos tempos tenho reparado abusivamente nisso, vejo que muita gente está seguindo rumos completamente opostos do que sempre disseram ou mostraram que seguiriam, e estou vendo isso em mim também. Amo incondicionalmente a evolução, acho que desde de criança assistindo Pokemon. Acho mágico ver pessoas crescendo, mudando de conceitos, perdendo expectativas e limitações infantis para dar lugar a uma realidade mais adulta. Chego a crer ou constatar que decepções e drogas mais fortes nos tornam mais forte proporcionalmente, e daí eu agradeço a todas as merdas ocorridas na minha vida, porque sei que hoje sou uma pessoa de cabeça extremamente mais sensata. Já tenho como um passo enorme quando perdemos certos ideais de protótipos ao se envolver com alguma pessoa, porque nunca iremos encontrar a pessoa dos nossos sonhos, desculpa, mas é a realidade, só que isso não quer dizer que alguém não possa se tornar o seu sonho mesmo sendo o oposto do que você sempre procurou, entende? Nem todos idealizam a pessoa que será realmente perfeita pra si, ou quem sabe até idealize, mas foda-se, isso não quer dizer que essa pessoa exista, então melhor começar a procurar sua felicidade nos "errados", sabe? Uma pessoa que você nunca cogitou olhar com outros olhos, pode se tornar o motivo do seu sorriso de dias, meses, anos, e você poderia não ter esse sorriso no rosto se não se permitisse a experimentar, mas okay, tentarei guardar meu romantismo, vamos partir para outros pontos de vista. A questão é apenas uma, não ter medo do diferente, não ter medo de olhares acusadores, não ter medo de um universo infinito que está a sua volta enquanto você sisma em manter antolhos em seus olhos para focar em uma única direção. Te juro, você tem 99% de chances de ser mais feliz se não tiver pavor de crescer, não perca a criança que tem aí dentro, mas por favor, cresça, evolua! Não gosto de pessoas fracas que perdem a essência para se tornar algo que não nasceram pra ser, mas idolatro pessoas que trabalham nessa essência e se tornam o que realmente devem ser. Renove seu guarda roupa, sua decoração, seus anseios, conheça novas pessoas, novos ritmos, novos lugares, e vive, vai, vive. Tudo nesse mundo se transforma, a paisagem, a tecnologia, o clima, por que não as pessoas? Acompanhar essa transformação é tão saudável. Olho ao redor e vejo muitos amigos me acompanhando por anos, e sei que por mais muitos anos eles estarão do meu lado, mas vejo que a cada ano que se passa eles estão muito diferentes em diversos pontos de vista, você não precisa mudar de vida pra mudar internamente, é disso que mais gosto, acho até que se eles fossem os mesmo de quando conheci, alguns deles não conseguiriam mais me acompanhar, porque como disse o poeta quase que esquizofrênico Raul Seixas, eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo, isso é quase que uma filosofia de vida, meus caros. Então permita-se, segue em frente sem olhar para ideais passados, o tempo passa, com ele muitas coisas também devem passar, abrace o mundo com perns e braços e faça com que um pouco de cada coisa que ele pode te proporcionar adentre o seu ser, por que ser humano é ser assim desde que o mundo é mundo, uma eterna evolução.

Escrevendo e ouvindo: Olha - Chico Buarque e Erasmo Carlos.
                      Quem te viu, quem te vê - Chico Buarque.